Construindo
o paladar infantil para hábitos saudáveis
O
ser humano, por natureza, busca o prazer em sua rotina. No nosso
corpo, sentir bem está ligado com substâncias como serotonina,
endorfina e dopamina. Já foi relatado em estudo que fazer atividade
física, estar com quem se ama, receber carinho, comer alguns
alimentos como gordura, sal e açúcar e usar drogas lícitas e
ilícitas (álcool, medicamento para depressão) aumentam a sua
liberação.
O
consumo moderado desses tipos de alimentos ou até mesmo do álcool
não é um problema. Acontece que hoje estamos vivendo uma vida de
maior abuso. É muito fácil comprar um doce na escola, é mais
barato tomar refrigerante do que suco natural, então os alimentos
que deveriam ser consumidos nos finais de semana, estão fazendo
parte do dia a dia de muitas pessoas, inclusive crianças.
Sabemos
que esse tipo de alimentação não é benéfica para nossa saúde.
Então o que nós, mães, pais e familiares podemos fazer para que
nossos filhos não sejam dependentes desses tipos de alimentos?
Até
os 6 meses, o
recomendado é
nada de água, chás e sucos, somente leite do peito. Além de
nutrir, imunizar e estreitar laços afetivos, o alimento materno
deixa lições que a criança guarda para o resto da vida. Uma das
mais importantes delas é a chamada autorregulação. Ao decidir
quanto e quando vai mamar, o recém-nascido aprende a lidar com a
saciedade, o que reduz e muito o risco de obesidade no futuro. A
preferência por determinados alimentos e o controle de sua ingestão
se dá por meio de um processo de aprendizagem que começa muito
cedo. Acredita-se que a base dos hábitos alimentares seja formada já
durante o primeiro ano de vida.
Nessa
fase, seu filho também já começa a ter contato com os diferentes
sabores dos alimentos. Isso acontece porque o gosto do leite muda
conforme a dieta da mãe. Portanto, é absolutamente recomendável
que a família siga uma alimentação balanceada, fugindo da
monotonia.
Depois
do 6°
mês, devemos introduzir os alimentos sólidos,
o que pode gerar estranhamento e estresse na criança.
Leve isso em consideração ao colocá-la no cadeirão.
Com o tempo, ela deve se render aos
prazeres da comida, mas, até lá, tenha bastante paciência. Fuja
dos modelos de recompensa e de ameaça. As crianças tendem a não
gostar de alimentos quando, para ingeri-los,
são submetidas à chantagem, coação ou premiação. Por outro
lado, alimentos oferecidos como recompensa são os prediletos. Quer
dizer, nada de festa se raspou o prato ou broncas porque cuspiu a
comida. O ambiente deve ser o mais tranquilo e aconchegante possível
na hora da refeição. O cansaço, a irritação e o nervosismo dos
pais interferem no humor do bebê. Adotar horários fixos também é
importante, assim o organismo dele
vai se acostumando à rotina. Em geral, eles
tendem a rejeitar alimentos que não lhe são familiares. Esse tipo
de comportamento já se manifesta tão cedo quanto em bebes
de seis meses. Porém, com exposições frequentes,
os alimentos novos passam a ser aceitos, podendo ser incorporados à
dieta da criança. Em média, são necessárias de oito a dez
exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela
criança. Muitos pais, talvez por falta de informação, não
entendem esse comportamento como sendo normal delas
e interpretam a rejeição inicial pelo alimento como uma aversão
permanente ao mesmo, desistindo de oferecê-lo. Além de alimentar,
as papinhas têm a função de formar o seu
paladar
e é preciso cuidado para que maus hábitos alimentares dos adultos
não influenciem os pequenos.
Bom,
hoje já é bem estudado e definido que a introdução de bebida
alcoólica para menores que 20 anos leva a uma dependência maior do
que quando introduzida depois dessa idade. Já o açúcar, a
recomendação seria introduzir somente após o 2° ano de vida. Um
dos motivos de adiar esse consumo é para não estimular muito o
paladar para o doce. O
bebê tem a preferência inata pelo sabor doce. Servir açúcar
aumenta a predisposição do bebê ao alimento de sabor adocicado e
limita o paladar. Assim, ele pode ter maior dificuldade em gostar do
sabor original do alimento ou dos sabores mais amargos.
Mas
se você é mãe ou pai sabe como é complexo ensinar uma criança a
comer bem e de tudo. É necessário tempo e investimento. Antes dos 2
anos de vida a necessidade de introduzir açúcar na vida do seu
filho é do ADULTO. Como o adulto sabe que o açúcar gera um prazer
especial, ele quer proporcionar a criança. Mas os pequenos, antes do
segundo ano de vida, não tem vontades específicas. Eles são
alimentados e aceitam, na maior parte das vezes, os alimentos que são
proporcionados.
Portanto,
aquele docinho antes do segundo ano de vida não vai matar, mas pode
prejudicar a educação nutricional. O que custa esperar? Quando a
criança falar:
por favor me de um brigadeiro, tio. Aí sim, é hora dele
experimentar, antes disso, por quê?