quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Construindo o paladar infantil para hábitos saudáveis





Construindo o paladar infantil para hábitos saudáveis

O ser humano, por natureza, busca o prazer em sua rotina. No nosso corpo, sentir bem está ligado com substâncias como serotonina, endorfina e dopamina. Já foi relatado em estudo que fazer atividade física, estar com quem se ama, receber carinho, comer alguns alimentos como gordura, sal e açúcar e usar drogas lícitas e ilícitas (álcool, medicamento para depressão) aumentam a sua liberação.

O consumo moderado desses tipos de alimentos ou até mesmo do álcool não é um problema. Acontece que hoje estamos vivendo uma vida de maior abuso. É muito fácil comprar um doce na escola, é mais barato tomar refrigerante do que suco natural, então os alimentos que deveriam ser consumidos nos finais de semana, estão fazendo parte do dia a dia de muitas pessoas, inclusive crianças.

Sabemos que esse tipo de alimentação não é benéfica para nossa saúde. Então o que nós, mães, pais e familiares podemos fazer para que nossos filhos não sejam dependentes desses tipos de alimentos?

Até os 6 meses, o recomendado é nada de água, chás e sucos, somente leite do peito. Além de nutrir, imunizar e estreitar laços afetivos, o alimento materno deixa lições que a criança guarda para o resto da vida. Uma das mais importantes delas é a chamada autorregulação. Ao decidir quanto e quando vai mamar, o recém-nascido aprende a lidar com a saciedade, o que reduz e muito o risco de obesidade no futuro. A preferência por determinados alimentos e o controle de sua ingestão se dá por meio de um processo de aprendizagem que começa muito cedo. Acredita-se que a base dos hábitos alimentares seja formada já durante o primeiro ano de vida.

Nessa fase, seu filho também já começa a ter contato com os diferentes sabores dos alimentos. Isso acontece porque o gosto do leite muda conforme a dieta da mãe. Portanto, é absolutamente recomendável que a família siga uma alimentação balanceada, fugindo da monotonia.

Depois do 6° mês, devemos introduzir os alimentos sólidos, o que pode gerar estranhamento e estresse na criança. Leve isso em consideração ao colocá-la no cadeirão. Com o tempo, ela deve se render aos prazeres da comida, mas, até lá, tenha bastante paciência. Fuja dos modelos de recompensa e de ameaça. As crianças tendem a não gostar de alimentos quando, para ingeri-los, são submetidas à chantagem, coação ou premiação. Por outro lado, alimentos oferecidos como recompensa são os prediletos. Quer dizer, nada de festa se raspou o prato ou broncas porque cuspiu a comida. O ambiente deve ser o mais tranquilo e aconchegante possível na hora da refeição. O cansaço, a irritação e o nervosismo dos pais interferem no humor do bebê. Adotar horários fixos também é importante, assim o organismo dele vai se acostumando à rotina. Em geral, eles tendem a rejeitar alimentos que não lhe são familiares. Esse tipo de comportamento já se manifesta tão cedo quanto em bebes de seis meses. Porém, com exposições frequentes, os alimentos novos passam a ser aceitos, podendo ser incorporados à dieta da criança. Em média, são necessárias de oito a dez exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela criança. Muitos pais, talvez por falta de informação, não entendem esse comportamento como sendo normal delas e interpretam a rejeição inicial pelo alimento como uma aversão permanente ao mesmo, desistindo de oferecê-lo. Além de alimentar, as papinhas têm a função de formar o seu paladar e é preciso cuidado para que maus hábitos alimentares dos adultos não influenciem os pequenos.

Bom, hoje já é bem estudado e definido que a introdução de bebida alcoólica para menores que 20 anos leva a uma dependência maior do que quando introduzida depois dessa idade. Já o açúcar, a recomendação seria introduzir somente após o 2° ano de vida. Um dos motivos de adiar esse consumo é para não estimular muito o paladar para o doce. O bebê tem a preferência inata pelo sabor doce. Servir açúcar aumenta a predisposição do bebê ao alimento de sabor adocicado e limita o paladar. Assim, ele pode ter maior dificuldade em gostar do sabor original do alimento ou dos sabores mais amargos.

Mas se você é mãe ou pai sabe como é complexo ensinar uma criança a comer bem e de tudo. É necessário tempo e investimento. Antes dos 2 anos de vida a necessidade de introduzir açúcar na vida do seu filho é do ADULTO. Como o adulto sabe que o açúcar gera um prazer especial, ele quer proporcionar a criança. Mas os pequenos, antes do segundo ano de vida, não tem vontades específicas. Eles são alimentados e aceitam, na maior parte das vezes, os alimentos que são proporcionados.

Portanto, aquele docinho antes do segundo ano de vida não vai matar, mas pode prejudicar a educação nutricional. O que custa esperar? Quando a criança falar: por favor me de um brigadeiro, tio. Aí sim, é hora dele experimentar, antes disso, por quê?


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